Páginas

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

trabalho de Narrativas Interativas: Fight Club




 Filme: Fight Club (Clube da Luta)
Ano: 1999
Direção: David Fincher

Sinopse:
O narrador sem nome (Edward Norton) é um empregado de uma companhia de automóveis em viagem que sofre de insónia. O médico recusa-se a dar-lhe medicação e aconselha a visita a um grupo de apoio para testemunhar sofrimentos mais graves. O narrador assiste às sessões de um grupo de apoio para vítimas de cancro testicular e, fazendo-se passar por vítima de cancro, encontra uma libertação emocional que alivia a sua insónia. Ele torna-se viciado em ir a grupos de apoio e em fingir ser uma vítima, mas a presença de outro impostor Marla Singer (Helena Bonham Carter) perturba-o, e então ele negocia com ela para evitar o encontro com os mesmos grupos.
Depois de voar para casa após uma viagem de negócios, o narrador encontra o seu apartamento destruído por uma explosão. Ele liga a Tyler Durden (Brad Pitt), um vendedor de sabão a quem ele ajudou no voo, e eles encontram-se num bar. Uma conversa sobre consumismo acaba com Tyler a convidar o narrador para ficar em sua casa e, depois disso, ele pede ao narrador para lhe dar um soco. Os dois envolvem-se numa luta fora do bar, com o narrador, posteriormente, a mudar-se para a casa em ruínas de Tyler. Eles têm outras lutas fora do bar, e estas atraem uma multidão de homens. Os combates mudam-se para a cave do bar, onde os homens formam um clube de combate.
Marla tem uma overdose de pílulas e telefona ao narrador para ele a ajudar. E ele ignora-a, mas Tyler responde à chamada e salva-a. Tyler e Marla envolvem-se sexualmente, e Tyler avisa para o narrador nunca falar com Marla sobre ele. Mais clubes de luta formam-se em todo o país, e eles tornam-se numa organização anti-materialista e anti-capitalista denominada "Project Mayhem", sob a liderança de Tyler. O narrador queixa-se a Tyler querendo estar mais envolvido na organização, mas Tyler desaparece repentinamente. Quando um membro do Project Mayhem morre, o narrador tenta encerrar o projecto, e segue pistas das viagens pelo país que Tyler fez para localizá-lo. Numa cidade, um membro do projecto cumprimenta o narrador como Tyler Durden. O narrador chama Marla do seu quarto de hotel e descobre que Marla também acha que ele é Tyler. De repente, ele vê Tyler Durden em seu quarto, e Tyler explica que eles são personalidades dissociadas dentro do mesmo corpo. Tyler controla o corpo do narrador quando o narrador está a dormir.
O narrador desmaia depois da conversa. Quando acorda, descobre pelos registos do seu telefone que Tyler fez chamadas enquanto ele estava "desmaiado". Ele descobre os planos de Tyler para apagar a dívida com a destruição de edifícios que contêm registos de empresas de cartão de crédito. O narrador tenta entrar em contacto com a polícia, mas descobre que os polícias fazem parte do projecto. Ele tenta desarmar os explosivos em um dos prédios, mas Tyler subjuga-o e muda-se para um prédio seguro para assistir à destruição. O narrador, mantido por Tyler sob a mira de uma arma, percebe que uma vez que partilha o mesmo corpo com Tyler, ele é que está na verdade a segurar a arma. Ele dispara para dentro da sua boca, acertando através do rosto, sem se matar. Tyler cai com um ferimento de saída para a parte traseira de sua cabeça, e o narrador deixa de o projectar mentalmente. Depois disso, os membros do Project Mayhem trazem a Marla que entretanto tinha sido raptada a ele, acreditando ser ele Tyler, e deixam-nos sozinhos. Os explosivos detonam, desmoronando os edifícios, e o narrador e Marla assistem à cena, de mãos dadas.
Fonte: Wikipedia


O trabalho em si:

1.    Mundo comum: O narrador vive uma vida comum, preso a pequenos prazeres de uma vida confortável e banal.
2.    Chamada à aventura: o narrador começa a sofrer de insônia e sente necessidade de mudar radicalmente sua vida.
3.    Recusa do chamado: o narrador começa a frequentar grupos de ajuda a doentes terminais mas é extremamente crítico a eles, pensando inclusive em desistir.
4.    Encontro com o mentor: o narrador conhece Tyler Durden em um avião.
5.    Travessia do primeiro limiar: o apartamento do narrador explode misteriosamente e este, por não ter amigos próximos nem parentes, telefona para Tyler para se hospedar em sua casa. Tyler diz a ele que a condição para isso é que o narrador bata nele. O narrador hesita mas o faz. A partir daí tem início o Clube da Luta.
6.    Testes, inimigos e aliados: diversas pessoas do meio social do narrador se envolvem de alguma forma com o Clube, inclusive Marla, sua paquera, que na verdade começa tendo um romance com Tyler.  O narrador desconfia que os policiai o estão investigando por atos de vandalismo que realmente são promovidos pelo clube.
7.    Aproximação da caverna oculta: o Clube se transforma no Projeto Mayhem, uma organização muito mais complexa e misteriosa. O narrador começa a questionar a identidade de Tyler.
8.    Provação: o narrador descobre que Tyler é uma espécie de amigo imaginário maligno que ele não consegue mais controlar e vai tentar impedir os planos de Tyler de destruir os prédios das operadoras de cartões de crédito e outras instalações. Para impedí-lo, o narrador atira na própria boca. Isso destrói Tyler e deixa o narrador gravemente ferido, mas ele não morre.
9.    Recompensa: o narrador reconquista Marla, que o deixara por achar que ele era louco, já que era ele que estava com ela quando ele pensava que ela estava com Tyler.
10. Caminho de volta: o narrador olha para a cidade abaixo dele com Marla abraçada com ele (fica subentendido).
11. Ressurreição: o narrador levou um tiro na boca e não morreu. Melhor que Jesus Cristo, já que nem precisou voltar.
12. Retorno com Elixir: ao final, alguns prédios explodem sem que o narrador possa impedir, formando inclusive um smile [ J ] em um deles. Seus planos conscientes (matar Tyler) e subconscientes (destruir os prédios das operadoras de cartão de crédito) tiveram sucesso.

a.    Herói: o narrador
b.    Mentor: Tyler Durden
c.    Arauto: Tyler Durden
d.    Camaleão: Marla
e.    Sombra: Tyler Durden
f.     Pícaro: Bob (o homem de peitos gigantes)
g.    Guardião do Limiar: Blondie ( o sujeito loiro que participa do Clube da luta e que o narrador deforma em uma briga. A partir daí ele vai se afastar e diferenciar de Tyler).





domingo, 5 de junho de 2011

Rascunho sobre a sociedade moderna (pra um trabalho de SMD)

Com o nascimento das organizações sociais, surge também a opressão social e, desde o princípio, a história é escrita por quem detém mais poder e pelos vencedores. Os vencidos e oprimidos logo são taxados de bárbaros, criminosos, raça inferior, subdesenvolvidos, renegados e coisas do tipo. E, como uma ferida infeccionada, que não sara, eles permanecem em todas as sociedades, em todos os lugares. Mas o motivo é que, sem oprimidos, não haveria opressores. Não há sentido em ser a classe dominante se não houver como dominar. E estas pessoas permanecem presas à miséria, esperando por uma justiça e compaixão fictícias, criadas para mantê-los presos a algemas que recebem o conveniente nome de esperança.
No entanto, se ilude quem pensa que todos os assim chamados “bárbaros, criminosos, piratas” se contentam e aceitam esta situação de braços cruzados. Uma rápida revisão da história mais recente seria suficiente para apontar dezenas, senão centenas de nomes que foram incriminados, perseguidos, execrados pela sociedade para depois tornarem-se heróis, quando isso foi conveniente. Apesar de muitos, certamente uma parcela ínfima do que deve ser a totalidade de mártires que precisaram perecer, a grande maioria no anonimato, para que nossa realidade não seja ainda pior. Apenas para citar alguns, poderíamos listar:
• Sitting Bull: líder dos Hunkpapa Sioux;
• Thomas Paine: escritor;
• Martin Luther King: ativista;
• Malcolm X: porta-voz da nação Islâmica;
• Muhammad Ali: boxeador;
• Paul Robeson: cantor;
• Richard Pryor: comediante;
• Gil Scott-Heron: poeta e músico;
• Afrika Bambaataa: DJ, líder da comunidade do Bronx;
• Nat Turner: líder da rebelião de escravos de Southampton;
• Zumbi: líder do Quilombo dos Palmares;
• Huey Newton: co-fundador do Black Panther Party;
• Mumia Abu-Jamal: ex-ativista do Black Panther Party;
• Leonard Peltier: membro do movimento indígena Americano;
• Ernesto "Che" Guevara: líder comunista;
• Lampião: líder cangaceiro;
• Dragão do Mar: abolicionista;
• Chico Mendes: ativista.
Estes são apenas alguns dos nomes mais populares e que já foram absorvidos, na forma de símbolos distorcidos ou de moda, pelo sistema opressor contra o qual lutaram. O que todos estes têm em comum entre si e com grande parte dos movimentos ainda vivos é a luta por um ideal que morreu com o nascimento da civilização: liberdade. Tanto isto é verdade que, se este ideal já tivesse sido alcançado, nenhum destes nomes seria reconhecido, e estamos certos de que, qualquer que seja o leitos deste texto, irá reconhecer algum destes.
A opressão agora recebe diversos nomes, cada qual com um significado teórico bonito e intrincado: democracia, república, governo, capitalismo, comunismo, mercado etc. O que estes nomes têm em comum é o fim a que se destinam: uma representação de outra coisa, de modo que haja uma alienação do direito fundamental á liberdade e esta seja roubada por um “Estado de Direito”.
Em nome destas representações, ou alienação, como preferir o leitor, foram feitas diversas divisões e criadas inúmeras fronteiras ao redor do homem com o passar dos séculos e aprimoramento dos mecanismos de apropriação da liberdade. O globo terrestre foi dividido em fronteiras, a população em castas ou esferas mais ou menos perceptíveis, passou a existir a hierarquização de diversas esferas da vida social, da família ao trabalho e ao Estado. Sob o pretexto da organização e do bem comum, o homem perdeu-se e afastou-se cada vez mais de sua liberdade e de sua vontade, passando relegar sua segurança, sua liberdade de ir e vir, escolhas básicas que vão desde o que vestir até o que comer, a outras pessoas, apontadas como mais competentes, como melhores ou mais bem preparadas para fazer estas escolhas. Isso pra não falar na religião.
Vivemos uma ilusão de avanço, mas ainda hoje, o homossexualismo é um tabu, como se alguma pessoa pudesse dizer como outra deve amar. Ainda hoje, as mulheres precisam esconder o corpo para não serem atacadas na rua e acabar dando a entender que elas provocaram o ataque. Ainda usamos peças de vestimenta inúteis porque “assim manda o figurino”, ainda existem países regidos por monarquias e teocracias “ditados por Deus”. Ainda se queimam pessoas por causa de sua cor ou condição social e ainda, depois de tantas décadas, a África arqueja e não consegue se levantar. Só superamos a Era Medieval nos livros. Na realidade, a Idade das Trevas foi só o início de algo bem pior.
Mas também é natural do homem a ânsia por mudanças e a mesma esperança que o mantém preso, algumas vezes, transforma a algema em chave. Mesmo a liberdade tendo se tornado uma utopia, há quem insista em lutar e experimentar um mundo diferente, mesmo que apenas por pouco tempo. O conceito de liberdade parece ser alguma coisa inata ao homem, algo ao qual ele consegue remeter e sobre o qual consegue se posicionar mesmo nunca tendo experimentado de verdade.
Similares aos corsários de séculos passados, os piratas modernos também navegam, mas pela rede. Em vez de ilhas, seus abrigos são forums e portais na internet. E em vez de ouro, o bem maior é a informação. Mas a sede por liberdade é a mesma.
Os piratas modernos lutam pela liberdade de informação, de acessar e dominar a informação, para todos. Engana-se quem pensa que eles estão isolados apenas na internet. Os piratas modernos estão envolvidos nos mais diversos movimentos que lutam pela liberdade em alguma esfera, doz ambientalistas ao Black Bloc. Estão em toda parte, do Brasil ao Egito e dos Estados Unidos à China. Eles têm todas as idades. A internet levou a luta pela liberdade a uma outra esfera, mas o ideal é basicamente o mesmo: liberdade total e irrestrita. Apesar de o planeta estar dividido por linhas imaginárias, a internet não está. Sim, há o grande firewall da China (inevitável a associação à Grande Muralha), mas ele não é suficiente para barrar os piratas chineses. A maior barreira ainda é a comunicação, a linguagem, mas como especialistas em subversão do sistema que são, o mesmo mecanismo de língua franca, o inglês, funciona na internet. Mas esta barreira não para por aí. Saber utilizar e guardar o que é dito é a base para a sobrevivência das redes piratas. Programas como o Pigdin, que simula outros programas de troca de mensagens, são modificados para que as mensagens sejam criptografadas e, como a liberdade pressupões o acesso, está disponível para qualquer um. Não é necessário ser um super hacker para se fazer proteger nas conversas pela internet, por exemplo. O Pigdin é gratuito, e o mecanismo de criptografia (utilizado inclusive pelo wikileaks), também. Se chama OTR (off the track) e pode ser acessado por qualquer um (é só colocar no Google). O leitor deve estar se perguntando: mas se é assim tão simples, porque a grande maioria das pessoas não acessa esse tipo de recurso? Exatamente por causa da falta de informação.
As redes piratas funcionam organizadas em times, mais ou menos como as tripulações dos piratas antigos. Na área de games, por exemplo, times famosos são SKIDROW e Razor1911. Vale salientar que eles não competem entre si. Até chegam a se ajudar. É errado pensar que estas pessoa praticam a pirataria por puro vandalismo. Há uma filosofia por trás disso, inclusive diversos manifestos, como o da equipe do Pirate Bay. Mas, acima de tudo, há um ideal, uma utopia que se recusa a aceitar a impossibilidade de sua existência. Mas, como disseram os Situacionistas em 1968: “Soyez réalistes, demandez l'impossible.”